domingo, 31 de janeiro de 2016

FERNANDA MONTENEGRO É HOMENAGEADA COM FILME COMEMORATIVO NO FOCUS PORTAL CULTURAL, PELOS SEUS 70 ANOS DE TRABALHO PELA CULTURA E SEUS 86 ANOS DE VIDA. CONFIRA.


O Focus Portal Cultural homenageia com um filme comemorativo, a atriz dramática Fernanda Montenegro, pelos seus 70 anos de trabalho pela cultura e seus 86 anos de vida.



 
CLICAR NA IMAGEM DE FERNANDA MONTENEGRO
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FOCUS PORTAL CULTURAL
 
 
 
Fernanda Montenegro - atriz
 
 
 
Fernanda Montenegro, nome artístico de Arlette Pinheiro Esteves Torres nasceu no Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1929, é uma premiada atriz brasileira.


Fernanda Montenegro aos 25 anos.
 
 
Considerada tanto pelo público quanto pela crítica como uma das maiores damas dos palcos e da dramaturgia brasileira de todos os tempos, foi a primeira latino-americana e a única brasileira já indicada ao Oscar de melhor atriz, sendo nomeada por seu trabalho em Central do Brasil (1998) e a primeira brasileira a ganhar o Emmy Internacional na categoria de melhor atriz pela atuação em Doce de Mãe (2013).

Fernanda Montenegro ganha o Emmy Internacional
na categoria de melhor atriz pela atuação em
Doce de Mãe - Rede Globo (2013).

Dentre os inúmeros prêmios nacionais e internacionais que recebeu em seus mais de sessenta anos de carreira, em 1999 foi condecorada com a maior comenda civil do país, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, "pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras", entregue pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2013 foi eleita a 15ª celebridade mais influente do Brasil pela revista Forbes.

 
 

Além de ter sido cinco vezes galardoada com o Prêmio Molière, ter recebido três vezes o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e de inúmeros outros prêmios em teatro e cinema, ganhou ainda o Urso de Prata de melhor atriz e concorreu ao Oscar de melhor atriz em 1999 e ao Globo de Ouro de Melhor atriz em filme dramático pelo filme Central do Brasil de Walter Salles. Recebeu também vários prêmios da crítica americana, no mesmo ano (Los Angeles Film Critics Award, National Board of Review Award).

Iniciou sua carreira no ano de 1950, na peça "Alegres Canções nas Montanhas", ao lado daquele que seria seu marido por toda a vida, Fernando Torres.

Fernanda Montenegro e Fernando Torres.
 

Sua estreia em cinema se dá na produção de 1964 para a Tragédia Carioca de Nelson Rodrigues, A Falecida, sob direção de Leon Hirszman.

 

Em televisão participou de centenas de teleteatros na extinta TV Tupi, que na direção revezavam-se Fernando Torres (ator), Sérgio Britto e Flávio Rangel. Telenovelas na extinta TV Excelsior e na TV Rio e na Rede Record e dezenas de produções na Rede Globo.

Fernanda Montenegro contracena com
Maria Esmeralda e Zilka Salaberry
na estreia de O beijo no asfalto.

Tem dois filhos: a atriz Fernanda Torres e o diretor Cláudio Torres, um dos sócios da Conspiração Filmes, produtora de publicidade e cinema.


Em novembro de 2007, em exposição sobre carreira de Fernando Torres
no CCBB do Rio, o ator e diretor posa ao lado de Fernanda Montenegro
e os filhos Fernanda e Claudio Torres.


Torres é seu sobrenome de casada, apesar de ser viúva. Quando solteira possuía Silva ao invés de Torres

Em 1965, na recém-criada TV Globo, Fernanda Montenegro participou do programa 4 no Teatro, que apresentou uma série de teleteatros sob a direção de Sérgio Britto. Em sua estreia na emissora, a atriz atuou nas peças Massacre, de Emanuel Robles, e As três faces de Eva, de Janete Clair.
 
No ano seguinte, na TV Tupi, interpretou a personagem Amália, na novela Calúnia, de Talma de Oliveira. Em 1967, estreou na TV Excelsior como Lisa, em Redenção, novela de Raimundo Lopes. Dirigida por Reynaldo Boury e Waldemar de Moraes, Redenção foi um grande sucesso, atingindo 596 capítulos e se tornando um marco na história das telenovelas brasileiras.

Fernanda Montenegro interpreta Simone de Beauvoir no monólogo "Viver Sem Tempos Mortos" em São Paulo. A peça é dedicada ao marido, Fernando Torres, que morreu em 2008 (21/5/2009) Foto: AgNews.
 
 
Ainda na TV Excelsior, em 1968, Fernanda Montenegro viveu a Cândida em A muralha, adaptação de Ivani Ribeiro da obra de Dinah Silveira de Queiroz. Com direção de Sérgio Britto e Gonzaga Blota, a novela foi considerada uma superprodução em sua época. Na mesma emissora, em 1969, a atriz viveu a personagem Júlia Camargo, de Sangue do meu Sangue, escrita por Vicente Sesso, novamente dirigida por Sérgio Britto, com elenco composto por Francisco Cuoco, Cláudio Correa e Castro, Nicete Bruno e Tônia Carrero.

Fernanda Montenegro deixou a falida TV Excelsior em 1970 e manteve-se afastada da televisão durante nove anos, intervalo quebrado apenas pela realização de dois trabalhos: o teleteatro A Cotovia, de Jean Anouilh, para a TV Tupi, em 1971, e um Caso Especial da TV Globo, em 1973. Este Caso Especial estrelado pela atriz era uma adaptação da tragédia Medeia, de Eurípedes, feita por Oduvaldo Viana Filho. Levado ao ar no mesmo dia e horário da estreia do Programa do Chacrinha, na TV Tupi, o especial da TV Globo surpreendeu conseguindo 20 pontos de vantagem sobre o concorrente, segundo as pesquisas do Ibope.
 

 Atuou ao lado do marido Fernando Torres (1927-2008) na peça "Dias Felizes" (foto), em 1995. Fernanda e Fernando atuaram juntos pela primeira vez em 1950, na peça "Alegres Canções nas Montanhas", e se casaram em 1954. foto Divulgação.

Ainda na década de 1970, a atriz integrou o elenco da novela Cara a Cara (1979), de Vicente Sesso, na TV Bandeirantes. Na trama, dirigida por Jardel Mello e Arlindo Barreto, a atriz viveu a personagem Ingrid Von Herbert, egressa de um campo de concentração nazista.

Fernanda Montenegro estreou em novelas da TV Globo em 1981, em Baila comigo, de Manoel Carlos. Sua personagem, Sílvia Toledo Fernandes, foi escrita especialmente para a atriz, que foi dirigida por Roberto Talma e Paulo Ubiratan. No mesmo ano, viveu a milionária Chica Newman de Brilhante, novela de Gilberto Braga. Na trama, Luísa (Vera Fischer) é escolhida por Chica Newman para se casar com seu filho Ignácio (Dennis Carvalho), que é homossexual. Mas a moça acaba se envolvendo com Paulo César (Tarcísio Meira), homem de origem humilde, casado com Isabel (Renée de Vielmond), filha de Chica.

 

Em 1983, Fernanda Montenegro protagonizou cenas hilariantes ao lado de Paulo Autran, como os primos Charlô e Otávio de Guerra dos Sexos, novela escrita por Sílvio de Abreu e dirigida por Jorge Fernando e Guel Arraes. Obrigados a conviver na mesma casa e na mesma empresa devido ao testamento de um tio, os dois empreendiam "batalhas" diárias, numa verdadeira guerra. A censura impôs mudanças em personagens, diálogos e cenas. Ainda assim, a novela foi um sucesso e recebeu diversos prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, entre eles o de melhor atriz para Fernanda Montenegro.

Fernanda Montenegro com o ator Paulo Autran.
 
 
Em 1986, a atriz participou de Cambalacho, outra comédia de Silvio de Abreu, dirigida por Jorge Fernando. Como o título sugere, o ponto de partida da trama eram os trambiques armados por Leonarda Furtado, a "Naná", personagem de Fernanda Montenegro, e Jerônimo Machado, o "Gegê", interpretado por Gianfrancesco Guarnieri.
 

Fernanda Montenegro com o ator Gianfrancesco Guarnieri.

Quatro anos depois, Fernanda Montenegro fez uma participação especial, no papel de Salomé, em Rainha da Sucata, novela de Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e José Antônio de Souza. Ainda em 1990, interpretou a Vó Manuela na minissérie Riacho Doce, de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn. A minissérie se passa em uma cidade do nordeste liderada por Vó Manuela, uma mulher mística e poderosa que exerce total domínio sobre seu neto Nô (Carlos Alberto Riccelli).

 
Fernanda Montenegro é Olga Portela
em O Dono do Mundo - Globo.


Em 1991, na novela O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, Fernanda Montenegro foi Olga Portela, uma requintada cafetina que, apesar de picareta, conquistou a simpatia do público. Dois anos depois, apresentou uma atuação marcante como Jacutinga, a dona de um bordel no interior da Bahia, na primeira fase da novela Renascer, de Benedito Ruy Barbosa. Ainda em 1993, participou – como Madalena Moraes – da novela O mapa da mina, a última de Cassiano Gabus Mendes.

Fernanda Montenegro, interpretou Quitéria Campolargo.

Em 1994, como Quitéria Campolargo, a atriz integrou o elenco estelar de Incidente em Antares, que reuniu nomes como Marília Pêra, Regina Duarte, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Goulart, Nicette Bruno, Flávio Migliaccio, Betty Faria e Diogo Vilela. A minissérie era uma adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de Érico Veríssimo.

Fernanda Montenegro, viveu Zazá - Globo. 

Em seguida, em 1997, Fernanda Montenegro viveu o papel-título de Zazá, novela de Lauro César Muniz. Sua personagem é uma mulher idealista, que tenta buscar uma solução para a vida medíocre dos sete filhos, ao mesmo tempo em que enfrenta várias adversidades para fazer seu projeto de avião atômico – o BR-15 – sair do papel, e provar que não é louca quando afirma ser filha de Santos Dumont.

Fernanda Montenegro no Filme Central do Brasil.

Em 1999, por sua atuação no filme Central do Brasil, de Walter Salles, foi a primeira artista brasileira a ser indicada para o Óscar de melhor atriz. Um ano antes, ainda por sua atuação naquele filme, recebeu o Urso de Prata do Festival de Berlim.

Fernanda Montenegro fez papel de Nossa Senhora
em O Auto da Compadecida.

Ainda em 1999, a atriz fez o papel de Nossa Senhora na minissérie O Auto da Compadecida, adaptação da premiada peça de Ariano Suassuna feita por Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão, e transformada em filme no ano seguinte. Em 2001, viveu a Lulu de Luxemburgo de As filhas da mãe, de Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e Bosco Brasil.

Fernanda Montenegro interpretou Luiza em Esperança - Globo.

Fernanda Montenegro participou da primeira fase de Esperança (2002), novela de Benedito Ruy Barbosa, em que fez o papel da italiana Luiza, a avó da protagonista Maria, interpretada por Priscila Fantin. Em 2005, na premiada minissérie Hoje É Dia de Maria, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, a atriz interpretou a madrasta, voltando a atuar na segunda jornada da série como Dona Cabeça, narradora da trama. Em 2006, brilhou na novela Belíssima como a vilã Bia Falcão, matriarca da família Assumpção. A trama de Sílvio de Abreu prendeu a atenção dos telespectadores até o último capítulo, quando a personagem de Fernanda Montenegro, em vez de receber a esperada punição, terminou numa suíte em Paris ao lado do jovem Matheus (Cauã Reymond). Um de seus mais recentes trabalhos na TV Globo foi a minissérie Queridos amigos (2008), de Maria Adelaide Amaral, como intérprete de Iraci.



Ao longo de sua trajetória profissional, Fernanda Montenegro recebeu prêmios importantes por seus trabalhos tanto no teatro quanto no cinema. Em 1985, foi convidada pelo então presidente José Sarney para ocupar o Ministério da Cultura, mas recusou. Em 1999, foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber do presidente da República, a Ordem Nacional do Mérito Grã-Cruz, "pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras". Na época, uma exposição realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, comemorou os 50 anos de carreira da atriz. Em 2004, aos 75 anos, recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova Iorque.

Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo
em A Falecida(1964).

Entre os filmes em que atuou no cinema estão A Falecida (1964) e Eles Não Usam Black-Tie (1980), ambos de Leon Hirszman. E, mais recentemente, Olga, de Jayme Monjardim, onde interpretou Leocádia Prestes, mãe do líder comunista Luís Carlos Prestes; Redentor (2004), dirigido por seu filho, Cláudio Torres; Casa de Areia (2005), filme dirigido pelo genro Andrucha Waddington, marido de sua filha, a atriz Fernanda Torres; e Love in the Time of Cholera (O Amor nos Tempos do Cólera), de Mike Newell, lançado em 2007, onde fez a personagem Tránsito Ariza, mãe do personagem do ator espanhol Javier Bardem. Recentemente, viveu a protagonista Bete em Passione, de Sílvio de Abreu.

Fernanda Montenegro é Dona Picucha em Doce de Mãe-Globo.

Em 2012 protagonizou o último episódio da minissérie As Brasileiras como a artista decadente Mary Torres no episódio Maria do Brasil, e no especial de fim de ano Doce de Mãe em que interpretou Dona Picucha, personagem principal onde foi premiada com o Emmy Internacional de melhor atriz. Carlos Henrique Schroder diretor-geral da Rede Globo festejou o prêmio de Fernanda dizendo: "É o reconhecimento de uma estrela maior da nossa cultura. É a nossa dama maior do teatro, da TV e do cinema brasileiro. E justamente recebeu essa homenagem e reconhecimento internacional".

Fernanda Montenegro deu vida a Dona Candinha
em Saramandaia - Globo.
 
Em 2013, deu vida a Dona Cândida Rosado (Candinha) no remake de Saramandaia escrito por Ricardo Linhares. Em 2014, viveu novamente Dona Picucha na série Doce de Mãe. No mesmo ano é anunciado que a atriz trabalhou em Babilônia, novela de Gilberto Braga.

 

A Cultura Brasileira engalana-se
com a expressividade dramática
de Fernanda Montenegro, a magnânima.

Um filme de Alberto Araújo
do Focus Portal Cultural.
Há 5 anos divulgando a cultura fluminense.

 
 
 
 
APOIO CULTURAL
 
 
 
 

COMENTÁRIOS
 
 
 
 
 
 
Alberto Araújo,
 
meus parabéns,
belo e comovente depoimento da grande Fernanda Montenegro.
 
Tomei a iniciativa de fazê-lo chegar às suas mãos.
 
Obrigada
Nélida Piñon
 
 
Nélida Piñon
é escritora e secretária-geral da ABL/2016.
 
 
 
 
 
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Alberto, mais uma vez ratifico: você é um grande divulgador da Cultura. Gravita em todos os horizontes, procurando os verdadeiros valores. Parabéns por esta justa homenagem à magistral  Fernanda.
Dalma.
Dalma Nascimento
é escritora, doutora em Literatura Comparada da URFJ.

 
 

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Alberto,
belo trabalho, a Fernanda merece!
Abraço,
Gilson.
Gilson Rangel Rolim
é escritor e acadêmico - membro
de várias entidades culturais.
 
 
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Muito bom, Alberto.
Bravo, abraços,
Cyro.
Cyro de Mattos
é escritor e ganhador
do Prêmio Literário do
PEN Clube do Brasil 2015.

 

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Belíssima homenagem,
Alberto.
Parabéns!
Diego.
Diego Mendes de Sousa
escritor e colunista do ProParnaiba.Com.
 
 
 
 
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Olá Alberto!
Estive por esses tempos correndo no tempo, porém, assim que cheguei vi que me encantou, a postagem de Fernanda Montenegro; Me é difícil pontuar o que de trabalho melhor, você, o fazedor criativo faz.
 
Fez o molho de teatro e poema de forma que a arte sempre tem que te agradecer, seja ela de que segmento for, somos nós artistas em uma escala de cem tão poucos é tão valentes e por vezes considerados tão loucos, porém, é essa loucura que faz até você viver na imaginação de um palco onde se apresentam tão outros loucos munidos de sensibilidade que pôr vezes doe o coração, e tendo certeza desta tela é que com admiração pinto seu retrato e mais uma vez parabéns.

Da amiga
Angela.


Angela Gemesio
é atriz, artista plástica e acadêmica.





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FONTE BIOGRÁFICA:









sábado, 30 de janeiro de 2016

ACADÊMICO, PROFESSOR E ESCRITOR DOMÍCIO PROENÇA FILHO TOMOU POSSE NA PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), PARA O EXERCÍCIO DE 2016, EM CERIMÔNIA NO SALÃO NOBRE DO PETIT TRIANON.

 
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PRODUZIDO PELA
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - ABL
 

 
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ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - ABL
 
 
 
 
 
Acadêmico, professor e escritor Domício Proença Filho tomou posse na Presidência da Academia Brasileira de Letras (ABL), para o exercício de 2016, no dia 17 de dezembro, às 17 horas, em cerimônia no Salão Nobre do Petit Trianon.
 
 
Eleito na tarde de quinta-feira, dia 3 de dezembro, em sessão realizada no Petit Trianon, sede da Instituição, no centro do Rio, por unanimidade dos votos dos 40 acadêmicos. O acadêmico, professor e escritor Domício Proença Filho, tomou posse dia 17 de dezembro, na Presidência da Academia Brasileira de Letras, para o exercício de 2016, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O intelectual  substituirá no ano de 2016 o poeta, ensaísta, crítico literário e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, que dirigiu a ABL nas duas últimas gestões.
 
Também tomaram posse os seguintes Acadêmicos Diretores: Secretária-Geral, Nélida Piñon; Primeira-Secretária, Ana Maria Machado; Segundo-Secretário, Merval Pereira; e Tesoureiro, Marco Lucchesi.
 
O professor e escritor Domício Proença Filho o novo presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). É fluminense, nascido em 1936, Domício Proença Filho é autor de 65 livros, entre obras didáticas, de crítica e ensaio, poesia e ficção.  Viveu sua infância e adolescência na Ilha de Paquetá, onde fez o curso primário numa escola pública.  Depois, cursou o ginasial e o clássico no Colégio Pedro II e se formou em Letras Neolatinas pela Faculdade Nacional de Filosofia, da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ.
 
Professor emérito e titular da cadeira de literatura brasileira  na Universidade Federal Fluminense (UFF), hoje aposentado, Proença Filho lecionou ainda em outras universidades cariocas e ministrou cursos de literatura brasileira em universidades estrangeiras. Também produziu programas para o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (MEC) e criou projetos culturais, como a Bienal Nestlé de Literatura.
 
Na ABL, ocupa a cadeira 28,  eleito em 23 de março de 2006 na sucessão do Acadêmico Oscar Dias Corrêa e recebido em 28 de julho de 2006 pelo Acadêmico Evanildo Bechara.
 
Em sua alocução, Domício Proença Filho assegurou sua preocupação com a identidade cultural da etnia de origem negra: “Nessa direção, indicia a assunção pela Academia, da tomada de posição para além dos estereótipos e preconceitos étnico ou epidérmico, nesse ambiente ainda vigente na conduta de muitos, veladamente; explicitamente; agressivamente; envergonhadamente; vergonhosamente. Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo”.
A língua e a literatura exigem, mais do que nunca, o bom combate. Em especial a arte literária. A tal ponto que se faz oportuno e pertinente reafirmar a sua importância. Entre outros aspectos, lembrar que o convício com o texto literário ajuda as pessoas a organizar o seu universo cultural. Possibilita-nos conhecer melhor a nós mesmos, ao mundo que nos cerca, à nossa relação com o mundo e com o outro. E mais: que o escritor é testemunha do seu tempo e que a literatura interpreta o presente, restaura emocionalmente o passado, possibilita projeção do futuro”.
Sobre as dificuldades vividas pelo país, disse: “Estamos cientes e conscientes da grave crise econômica literal e etimologicamente vivida pelo país. Somos a Diretoria da crise. Árduo será o percurso. No traçado do rumo, buscaremos manter a atitude rotineira e a velocidade de cruzeiro alertas ao aviso de apertar o cinto aos primeiros sinais de turbulência”.
 
ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PRESIDENTE
DOMÍCIO PROENÇA FILHO
 
É prática ritual e salutar que, no momento da assunção do mandato de cada nova Diretoria, o presidente eleito perpasse instâncias inerentes à Academia e se situe diante delas. Passo a fazê-lo, no cumprimento do rito.
Asseguro-lhes que, atento ao antigo preceito latino, garantia de boa acolhida da opinião, serei breve.
A Academia Brasileira de Letras sedimentou e segue sedimentando, há algum tempo, no espaço da ação que se propõe, o cultivo de quatro procedimentos basilares. Privilegia o conhecimento. Assume a coragem de abrir-se para o novo. Orienta-se pelo que é justo. Não descura da prudência, do equilíbrio e da harmonia.
A eles, alia a atuação desinteressada e a atualização. Pensa a Cultura. Celebra a memória. Promove e estimula as práticas estéticas. É o que a reabastece. É o que a singulariza.
A Diretoria que ora assume o mandato estará atenta à continuidade do percurso histórico pavimentado, ao longo de seus gloriosos 118 anos, pelas que nos antecederam.
Sabemos camonianamente que “as coisas árduas e lustrosas se conseguem com trabalho e com fadiga”. Na compensação, o prazer de fazer e fazer bem feito.
Na melhor tradição da Casa, o Secretário-Geral ascende à presidência. Não por mera rotina. A sábia orientação privilegia a experiência adquirida, a intimidade com a realidade do agir e do administrar. Fundamenta-se na avaliação silenciosa do empenho e do desempenho. No presente caso, seguramente matizada pela generosidade.
Peço vênia para externar a minha gratidão pessoal ao Presidente Geraldo Holanda Cavalcanti pela corajosa confiança com que me distinguiu, ao convidar-me para integrar a sua Diretoria. Saibam todos que, do trabalho comum que nos reuniu ao longo do mandato, resultou a sedimentação de uma sólida e fraterna amizade que muito me desvanece.
E seja-me permitido fraturar a modéstia, para um registro extremamente honroso e tranquilizador: a presença na Diretoria, pela primeira vez na história da Casa de Machado de Assis, de duas ex- presidentes: Ana Maria Machado e Nélida Piñon, e de dois ex-secretários: Marco Lucchesi e Merval Pereira, que, para meu privilégio, me distinguiram com a aceitação do convite para dela participar.
Não bastasse a comprovada alta competência e o convívio fraterno, outros poderosos fatores asseguram a harmonia no trabalho a ser levado a termo: a amizade solidária, a total confiança mútua, a dedicação plena à Academia, a prevalência da Instituição sobre os interesses pessoais, preceito pétreo que cultuamos os diretores que ora assumimos.
Aos quatro companheiros de percurso, expresso o mais fundo agradecimento por terem concordado, e com entusiasmo, em coparticipar da missão. Em nome de todos, agradeço fundamente o alto privilégio da inédita votação por unanimidade com que fomos privilegiados. A distinção superlativa a nossa responsabilidade. Em contrapartida, oxigena o estímulo.
Estou consciente do que representa a investidura na presidência. Como ser individual, como ser social. As evidências, literalmente, me eximiriam de qualquer explicitação. A circunstância histórica, entretanto, ainda a recomenda.
Individualmente, gratifica em grande o voto de confiança. Significa também a culminância de um gradativo aprendizado de Academia, exercido ao longo de um cursus honorum que se estendeu pelos últimos nove anos, seis deles como integrante da Diretoria, talvez, por força de alguma ponta de masoquismo, prazerosamente.
No âmbito comunitário, a presidência reveste-se de representatividade, em função dos espaços ainda necessários, na realidade brasileira, da afirmação da identidade cultural da etnia de origem negra. Mesmo diante da privilegiada condição mesclada e miscigenada própria da comunidade nacional que integramos.
Nessa direção, indicia a assunção pela Academia, da tomada de posição para além dos estereótipos e do preconceito étnico ou epidérmico, nesse espaço ainda vigente no comportamento de muitos, veladamente; explicitamente; agressivamente; envergonhadamente; vergonhosamente.
Nesse sentido, a Casa de Machado de Assis, uma vez mais, situa claramente o seu posicionamento, em termos de nossa contingência comunitária. Não nos esqueçam os tempos fundadores de Joaquim Nabuco e de Machado de Assis, a ação pioneira de Afonso Arinos.
Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo.
 
OS TEMPOS SÃO ÁSPEROS, SABEMOS TODOS.
Estamos cientes e conscientes da grave crise econômica literal e etimologicamente vivida pelo país. Somos a Diretoria da crise. Árduo será o percurso.
Estamos preparados para o desafio. Graças, sobretudo, aos que nos precederam e construíram progressivamente o caminho, ao longo do passado mediato e imediato.
Recebemos a Casa bem aparelhada e bem arrumada. Mas, sabemos, nem por isso invulnerável.
No traçado do rumo, buscaremos manter a altitude rotineira e a velocidade de cruzeiro, alertas ao aviso de apertar o cinto aos primeiros sinais de turbulência. Esperamos que não se faça necessário. Caso sejamos agraciados pelas benesses dos bons ventos, não hesitaremos em aproveitá-los para subir mais alto e acelerar, sem que seja preciso despender mais combustível.
A Academia nos imanta com a sua aura. Cada Acadêmica, cada Acadêmico, no passado, no presente e, ouso afirmar, no futuro assegura e assegurará, com a biografia de cada um e com a continuidade de sua produção e de sua ação, a permanência do brilho, a sua consistência, a respeitabilidade que a identifica junto à sociedade brasileira.
Somos os eventualmente agraciados, quarenta entre tantos que têm todas as condições de integrar seus quadros. Entretanto, como assinala com pertinência Alberto da Costa e Silva, a Casa não tem a pretensão de reunir todos os melhores da inteligência brasileira, mas os que a integram têm plena consciência de sua responsabilidade histórica. Desde o momento em que em menos de dez anos de sua fundação, a Academia passou a representar para os brasileiros, a excelência no plano da cultura, simbolização que persiste na atualidade.
Essa qualificação e esse reconhecimento nos honram e nos transcendem.
A missão de cada nova Diretoria implica continuidade e acrescentamento. Tem sido assim. Assim seguirá sendo.
Permaneceremos fiéis à cláusula pétrea do Estatuto e aos princípios que fundamentam a atuação da Casa.
A ACADEMIA É UMA SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS.
Congrega cultores de ação e pensamento prioritariamente reunidos em torno da causa da língua que falamos, da literatura que nos identifica e que alimenta o imaginário brasileiro. E atua com independência.
Alerta à dinâmica dos registros idiomáticos, permanece atenta ao percurso e à mutabilidade do idioma oficial, imune a qualquer perspectiva radicalizante. Sabe do potencial político e econômico da língua portuguesa, mais que nunca evidenciado nos albores do século atual. Está ciente de que a sociedade brasileira, há muito, atribui a ela a condição de guardiã do nosso principal meio de comunicação. E seguirá fiel a essa confiança.
 
A LÍNGUA E A LITERATURA EXIGEM DE TODOS NÓS, MAIS DO QUE NUNCA, O BOM COMBATE. EM ESPECIAL A ARTE LITERÁRIA.
É consenso, a propósito, entre os que a ela se dedicam, que, impressa ou digitalizada, luta, há algum tempo, para assegurar o seu lugar de centro como produto cultural e seu prestígio no espaço educacional e pedagógico.
A tal ponto, que se faz oportuno e pertinente reafirmar a sua importância. Entre outros aspectos, lembrar que o convívio com o texto literário ajuda as pessoas a organizar o seu universo cultural. Possibilita-nos conhecer melhor a nós mesmos, ao mundo que nos cerca, à nossa relação com o mundo e com o outro. E mais: que o escritor é testemunha do seu tempo e que a literatura interpreta o presente, restaura emocionalmente o passado, possibilita projeção do futuro.
Cumpre reiterar que o texto literário contribui para a estruturação do imaginário nacional e para a formação da nacionalidade, leva o leitor ou ouvinte a questionar a realidade social que o cerca, propicia abertura para a transformação enriquecedora e mesmo para a afirmação de identidades, contribui para a formação da cidadania.
SABEMOS TODOS OS QUE NAVEGAMOS NESSES ESPAÇOS. SABE-O A ACADEMIA.
De par com o culto da língua e da literatura nacional, a Casa de Machado de Assis, numa visão aberta e moderna, dirige também a sua atuação para outras manifestações da cultura. De início, no âmbito da cultura feita, há algum tempo, no constante processo de atualização que a caracteriza, e logo da cultura fazendo-se no cotidiano brasileiro e planetário.
Assim direcionada, certifica a sua permanência significativa e a sua atualidade. É mais um de suas marcas singularizadoras, relevante, na contemporaneidade, em termos de cultura de consumo e de cyber cultura. Parodiando e ampliando Machado de Assis, nem tudo tinham os antigos, nem tudo têm os modernos e os pós-modernos: com os haveres de uns e de outros é que se constrói o patrimônio cultural do país.
Situo-me entre os que entendem que, forjada sob a égide da tradição, só assegurará a sua permanência e sua imagem comunitária, se aberta às exigências da dinâmica do processo cultural e consciente de sua função social. Respeitado o pensamento divergente.
 
A Diretoria que ora toma posse dará seguimento ao trabalho desenvolvido pelas que nos antecederam no processo de contínua construção. Para tanto, aberta ao diálogo, espera contar com a colaboração e a participação de todos os seus integrantes, para além de eventuais desencontros e divergências. Não nos esqueçamos de que a Academia são os acadêmicos e as acadêmicas e de que a Casa é para o Brasil. E, sobretudo, nos ultrapassa.
Não temos dúvidas de que o corpo de funcionários, que nos garante a imprescindível infraestrutura operacional seguirá fiel à dedicação e ao entusiasmo que é a marca da atuação de todos. E disso dou testemunho.
Na melhor tradição da Casa de Machado de Assis, posso assegurar-lhes, os diretores que ora assumimos, procuraremos agir com sabedoria, decidir com justiça, atuar corajosamente, e, mais que nunca no tempo brasileiro hoje, cultivar a temperança.
Muito obrigado,
Domício Proença Filho.
 
 
ALGUMAS IMAGENS DO EVENTO
 
 
Domício Proença Filho,
momento em que profere o seu discurso de posse.
 
Domício Proença Filho,
momento em que profere o seu discurso de posse.
 
Panorâmica parcial dos convidados 
presentes ao evento.

Domício Proença Filho,
já empossado, agradece aos convidados e amigos.



Ex-presidente da ABL,
acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti
momento em que profere discurso de agradecimento.
 
Outro ângulo do público presente.

Outro ângulo do público presente.

Outro ângulo do público presente.

Maria L. Aragão, Dalma Nascimento,
Maria Lúcia e Eduardo Coutinho

Nélida Piñon e este seu amigo editor Alberto Araújo.

Helena Ferreira e Helena Parente Cunha.

Elisa Lucinda e Nélida Piñon.

Julio Lellis e Nélida Piñon.
 
 
 
APOIO CULTURAL
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRÉDITOS:
 
VÍDEO: Academia Brasileira de Letras
FOTOS: J. Duarte (com a logo do Jornal Sem Fronteiras)
e Alberto Araújo(sem logo)