segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

LEMBRANÇAS DE ESCRITAS DO ESCRITOR NORBERTO SERÓDIO BOECHAT É O LIVRO INDICADO NO MÊS DE FEVEREIRO NA VITRINE DO FOCUS. CONFIRA.

PREZADOS FOCULISTAS, TRAZEMOS HOJE PARA NOSSO COSTUMEIRO ENCONTRO  INTELECTUAL   A INDICAÇÃO DO  LIVRO   SELECIONADO  PARA PERMANECER DURANTE ESTE MÊS DE FEVEREIRO  NA VITRINE  NO FOCUS PORTAL CULTURAL.



            Trata-se da obra LEMBRANÇAS DE ESCRITAS, do médico-escritor NORBERTO SERÓDIO BOECHAT. São   vinte e um contos e mais uma pequena peça teatral, em  que o autor, extraordinário memorialista, narra fragmentos de sua vida com sensibilidade e emoção.




            Publicado pela Editora Parthenon Centro de Arte e Cultura, o livro tem na capa uma paisagem com um expressivo casarão pintado por Veronica Debellian Accetta,  já anunciando o conteúdo memorialista do livro. O prefácio é de Dalma Nascimento, a parte de trás traz palavras  de Eliana Bueno-Ribeiro  e as "orelhas, comentários de  Olívia Barradas. Todas as três são doutoras-professoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialistas na área literária.

             O  título LEMBRANÇAS  DE  ESCRITAS é  bem sugestivo, segundo explica Dalma Nascimento. Ele se abre  à possibilidade de duas interpretações num belo jogo poético e  imaginativo do autor.  São mesmo "lembranças de escritas  descritas"  na  pena literária do Dr. Boechat, ao recordar, em grande parte, momentos  da sua infância passada em Pirapetinga, vilarejo do noroeste fluminense  do município de Bom Jesus de Itabapoana.

              Os leitores de nosso BLOG   já tiveram oportunidade de ter uma prévia desta obra extraordinária de Norberto Seródio Boechat, através do conto  "A eterna ausente",  publicado  neste nosso veículo eletrônico  em 07 de novembro de 2014, no blog ALBERTO ARAÚJO & AMIGOS – siga o link: 


Quem não se lembra deste sentimental relato? Aí, o autor sente saudade de uma garotinha, sua primeira namorada  nunca tocada e perdida no seu distante passado de menino.  Foi um texto muito comentado e elogiado pelos amigos deste Blog.

            Existem no livro  mensagens  sentimentais como a acima citada, porém,  outras  brincalhonas, reflexivas e psicológicas. Narram fatos mais leves e até folclóricos  do dia a dia de indivíduos  da roça, que  Dr. Boechat  descreve com  segurança e naturalidade, que a todos encanta. Um deles é o  "O espírito e o soco inglês";  outro, é a  confusão de  "A mudança". Há ainda o  "Oi, Seu Outeiro", além de "O lacre e a noite", crítica aos problemas da civilização.

      Agora, o leitor poderá apreciar outros momentos relevantes destas LEMBRANÇAS DE ESCRITAS, compostas por este médico-escritor, que antes publicou três obras que são: ME DÊ A MÃO, crônicas sobre envelhecimento, idosos e asilos, narrando sua vivência de geriatra;  MEMÓRIAS NATALINAS: o espírito do Natal em oito contos, e o  romance ESTRADAS,  uma empolgante estória ficcionalizada sobre um estranho assassinato em sua região.

          Mais uma vez, nosso Blog aplaude a narrativa esplêndida do Dr. Boechat,  transcreve  parte das explicações de Dalma Nascimento sobre LEMBRANÇAS DE ESCRITAS, obra que enfeita a vitrine do FOCUS PORTAL CULTURAL que há 4 anos vem reconhecidamente sendo um difusor dos empreendimentos intelectuais de personalidades fluminenses.



 Alberto Araújo,
editor do Focus.



Eis agora fragmentos  de alguns trechos do prefácio de Dalma Nascimento de LEMBRANÇAS DE  ESCRITAS,  em que o tema de cada capítulo é sintetizado para o leitor perceber detalhes significativos do livro:

"Abre-se a obra com "A eterna ausente", intertextualizando-se com o soneto de Baudelaire  "À une passante"[...] Com ecos e ressonâncias baudelairianos,[...] Boechat construiu um quadro de vigorosa singeleza sobre a menina da infância, eternizada nas curvas do caminho. No mesmo tom de lembranças, tem-se "A grandeza da velha árvore", cujos galhos ainda agasalham românticas saudades do menino de outrora, no homem de agora.

Nos textos "Galáxias" e "Sísifo da superação" surgem cenas de dois trabalhadores da fazenda familiar, transformados em letras poéticas. Sem a fidalguia do mundo, eles lembram heroicos sísifos a carregarem a pedra das dificuldades do dia a dia à montanha da vida. 

No conto "Na serra", o narrador penetra nos momentos finais do pensamento de um rústico personagem em direção à Serra, alegoria ascensional ao céu.

Já em "O denso segredo da cozinha", Boechat disseca a inveja e o ciúme da sogra diante do fulgor da nora recém-casada.

Porém, em "O menino dos moinhos", relata o triunfo da invenção de um garoto interiorano, graças  ao talento e a tenacidade nos estudos. Nas reflexões de "Surpresa",  iluminam-se situações fazendeiras e, na escrita de "Retratos", aflora o agudo olhar do médico, a "ler" também a "fala" dos  moradores da casa nas fotografias das paredes.

Outras reminiscências perpassam nos transtornos de "A mudança", trazendo, contudo seu inesperado final.  No miniconto "Gessi", a morte chega, na dança do amor, ao arfar a vida. E o que dizer  da grotesca confusão bem primitiva do relato de "O soco inglês"?  No pitoresco conto "OI, seu Outeiro", relativo ao velho consertador de telefones, a inteligente visão do autor já se insinua na perspicaz montagem do título da crônica.

No relato "surreal" de "O lacre e a noite", Boechat, também leitor de obras universais, compara o amor da sua Pirapetinga natal a cidades ficcionais: à Macondo de Garcia Márques, à Comala de Juan Rulfo, à Manarairema de José J. Veiga, à Pasárgada de Bandeira, à Itabira de Drummond, à Ilha do Nanja do conto de Cecília. Pirapetinga é a caldeira efervescente de suas lembranças e fantasias, tanto que ele até  eterniza na escrita da crônica "Imortal", a velha cozinheira que o alimentou no casarão.

Em "Palmatórias e Beethoven", o Belo Musical fora apresentado ao menino Norberto nas ondas sonoras do compositor,  em meio ao medo da palmatória da professora, que, contudo, lhe abriu os caminhos da grande Música. Na escrita de "A cotia e o paradoxo", o já agora adulto pensador.

Dr. Boechat medita sobre  questões ecológicas e denuncia os tentáculos da civilização, destruindo os seres da natureza. Em  "A grande dádiva" o olhar psicológico do  geriatra focaliza os cuidadores dos velhos enfermos,  nas noites solitárias.

No texto "As águas", Hercílio, o personagem que viera morar na cidade grande, às vésperas do Natal de um anoitecer chuvoso de Copacabana, contempla uma poça d'água no asfalto.  No fluxo das águas externas da natureza e interiorana da memória – águas profundas, águas do inconsciente –, ele imerge no passado e recorda quadros afetivos da sua infância na roça.

A filosófica peça teatral "De repente vozes", com que LEMBRANÇAS DE  ESCRITAS  se fecha, mereceu,  pelas  qualidades expressionais e metafísicas, comentários especiais no posfácio. Mas  ainda, neste prefácio, reafirmamos  que estes minicontos e crônicas de Norberto Seródio Boechat relatam recordações e questionamentos humanos, "demasiadamente humanos". 

As composições vão fluindo no rodamoinho  do tempo do cântaro de Mnemósine, a deusa grega das recordações. E daí, o médico-escritor foi recolhendo  memórias para compor  estas LEMBRANÇAS  DE ESCRITAS, onde pulsa a vida, mas também lateja o coração".



                       










Dalma Nascimento.


Prezado leitor,  diante dos tópicos temáticos dos vinte e um capítulos acima resumidos  pela professora Dalma Nascimento,  vale procurar esta primorosa obra e nela mergulhar.  Terá  momentos de encantamento e  distração em meio à  folia carnavalesca que  já nos bate à porta. 

Se o leitor já tiver lido  em nosso Blog  a  crônica "A eterna ausente", delicie-se,  relendo-a. Caso contrário, leia-a logo. Ela tocará seu coração.

                   
               


A ETERNA AUSENTE

  Norberto Seródio Boechat


                Década de 50.
                Oito anos.
                Estrada Bom Jesus-Vargem Alegre.


            Ao voltarmos da cidade, lá estava a menina na cerca de sua casa, à espera. Diminuíamos a velocidade para vê-la, infalível, pendurada no cercado do quintal. Segurava-se com a mão direita e acenava a esquerda.

          Loura e branquinha. Muito bonita. Impossível saber de onde vieram as marcas arianas na garota pobre do barraco beirando a estrada. Não entendo, também, por que em nenhum momento paramos, por que não correspondemos num gesto o amor transmitido ao acenar. Creio que em seu reduzido universo, a busca do momento a impregnava, tornando-a parte de outras vidas, das  outras pessoas, do mundo que, então, se desfilava na via solitária. Ansiava, talvez, por um afeto, um toque junto ao coração.

             É provável que fosse filha única. Nunca vimos outra criança ao redor. O que teria sido sua vida entre adultos? Que mundo encerraria o interior da cabana? Como os pais estariam contribuindo para o crescimento do ser que fazia daquele instante breve de nossa passagem a eleição de um acontecimento? Ao respondermos com as mãos, ela sorria feliz. Passávamos e, ao olharmos para trás, ainda a víamos acenando no meio da poeira deixada pelo jipe.

          Hoje, passada tanta vida – e tão rapidamente −, pergunto-me, onde estará? Casou-se? Teve filhos? Foi feliz? Tem um quintal cheio de netos? Morreu? Indagações que no vácuo desse tempo consumido apertam a garganta, deixam aberta a inútil expectativa de um vir a saber que não acontecerá...  É a resposta que se espera, mas que jamais virá...

             Há muito a casa não existe mais. A estrada, asfaltada e, por isso mesmo, inexpressiva de lembranças, é uma reta que matou velhas curvas do caminho. A menina foi-se tal qual o pó, tal qual aquela nuvem de poeira que termina por sobrepor-se às cercas, cobrindo-as de amarelão pálido, triste, aguardando que a chuva venha e lave tudo.

         Não tenho dúvida: a garotinha foi a primeira mulher de minha vida. Tão absoluta que decididamente inesquecível. Definitiva. Jamais a tive. Nunca paramos para que eu me permitisse o contato de gente.

          Assim, porque não a tive, sempre será indelével imagem, a eterna ausente: mão movendo-se avidamente como a dizer, por que não parou? Passou e não ficou para pacificar-me a vida.




IMAGENS QUE SIMBOLIZAM TEXTOS.


Esta imagem simboliza a peça teatral
A PONTE e o RIO de Norberto Boechat,
alegorizando situações humanas.

Esta imagem simboliza o texto
IMORTAL,
de Norberto Boechat.


Esta imagem simboliza o texto
AS ÁGUAS,
de Norberto Boechat.

Esta imagem simboliza o texto
A GRANDEZA DA VELHA ÁRVORE,
de Norberto Boechat.

Esta imagem simboliza o texto
GESSI,
de Norberto Boechat.

Esta imagem simboliza o texto,
A GRANDE DÁDIVA de Norberto Boechat,
para Lucinha.



Um pouco sobre o autor



Norberto Seródio Boechat,  além de escritor e homenageado, é também médico geriatra e gerontólogo.  Com vários livros editados, todos seus textos têm conteúdos de emocionantes lições de vida, memórias autobiográficas. São várias experiências profissionais vivenciadas em mais de 30 anos no exercício da clínica.

Seus textos também transfiguram histórias reais.  Intelectual renomado em nossa cidade, todos seus livros têm visões claras e compreensivas.

Para conhecer melhor seu trabalho literário, adquira as obras do renomado escritor nas melhores livrarias da cidade.  Veja a relação abaixo de alguns de seus livros:

Me dê a mão (crônicas sobre envelhecimento, idosos e asilos);
Memórias Natalinas ( O espírito do Natal em oitos contos);
Estradas (romance);
Lembranças de Escritas (contos) (Editora Parthenon).





FUNDO MUSICAL PARA ACOMPANHAR OS TEXTOS.
(CLICAR NA SETA NA IMAGEM).


LINK PARA ACESSAR AO CANAL YOU TUBE


EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Elenco: Christopher Reeve & Jane Seymour e outros.
Música: Somewhere in Time.
por Roger Williams (Google Play • iTunes).
Artista - Roger Williams
Categoria
Licença padrão do YouTube.







7 comentários:

  1. Ainda não li o livro do Sr. Norberto Seródio, mas o tom e o ritmo da "Eterna Ausente", a memória tão delicada, a escrita bem feita e o espaço de emoção subliminar deixado gentilmente para o leitor, são qualidades que me farão procurá-lo. O texto é amigo do leitor, talvez instintivamente, o que não diminui a qualidade do escritor, chama o leitor para um fato banal, mas faz isso com beleza, tornando a banalidade poesia, oferecendo uma bela visão e um bom pensamento. Isso é um bom texto. E o prefácio da Profª. Dalma é recomendação boa e certa.
    Parabéns ao escritor.
    Carlos Rosa.

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  2. Obrigado! Prezado amigo Carlos Rosa.

    Pela sua brilhante participação.
    Valeu muito amigo.

    Abraços.

    ALBERTO ARAÚJO
    Editor

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  3. PAULO ROBERTO CECCHETI - poeta e escritor4 de fevereiro de 2015 às 08:58

    Grato pelo envio. Abç,

    PRC

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  4. Ótimo blog e postagens..Que Deus e Nossa Senhora abençoem o seu trabalho, e que a cada dia possa ficar mais conhecido. Parabéns!Abraços

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  5. Norberto Seródio Boechat - escritor e médico geriatra.9 de fevereiro de 2015 às 12:25

    Prezado Alberto,

    O vento da praça de Pirapetinga o inundará, e, como vem do espaço sideral,
    erguerá ainda mais sua grande capacidade de mostrar o seu intelecto. Que seu coração seja tocado pela folha imortal que cai ao rio.


    Muito me sensibilizou sua percepção e o entendimento de meus textos. Você conjugou as três artes: a palavra, a ilustração pictural e a música numa extraordinária montagem.


    Grande abraço, Norberto.


    Norberto Seródio Boechat.
    Médico geriatra e escritor.

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  6. Norberto Seródio Boechat - médico geriatra e escritor9 de fevereiro de 2015 às 20:27

    Prezado Alberto,

    O vento da praça de Pirapetinga o inundará, e, como vem do espaço sideral,
    erguerá ainda mais sua grande capacidade de mostrar o seu intelecto. Que seu coração seja tocado pela folha imortal que cai ao rio.

    Muito me sensibilizou sua percepção e o entendimento de meus textos. Você conjugou as três artes: a palavra, a ilustração pictural e a música numa extraordinária montagem.

    Grande abraço,

    Norberto.




    Norberto Seródio Boechat.
    Médico geriatra e escritor.

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  7. Dalma Nascimento - escritora e doutora em Literatura Comparada UFRJ.9 de fevereiro de 2015 às 21:38

    Caro Alberto Araújo,

    cumpre-me cumprimentá-lo pela belíssima produção, em seu blog Focus Portal Cultural, do livro Lembranças de escritas, do Dr. Norberto Seródio Boechat.

    Conforme vem demonstrando, seu trabalho ganha cada vez mais espaço no conceito dos que amam literatura.

    Seu generoso coração nordestino divulga "Niterói para o mundo" nas páginas
    on line das suas periódicas postagens.

    Dalma Nascimento


    Dalma Nascimento.
    escritora e doutora em Literatura Comparada/UFRJ.

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