segunda-feira, 11 de março de 2013

HOMENAGEM DO FOCUS - PORTAL CULTURAL AO ESCRITOR E CONTISTA CARLOS ROSA MOREIRA

 
 
P A R A B É N S... CARLOS ROSA MOREIRA
 
O FOCUS CELEBRA SEU ANIVERSÁRIO NATALÍCIO
 
 
E PARA HOMENAGEÁ-LO
 
APRESENTA O SEU PERFIL BIOGRÁFICO,
SUA ENTREVISTA E O FILME COM SUAS IMAGENS E AMIGOS.
 
 
CLIQUE E VEJA O FILME,
 
 
 
Carlos José Rosa Moreira
 
 
LEIA O PERFIL
 

Escritor, veterinário, bacharel em Direito (aprovado na OAB), professor, analista judiciário, esportista. Nasceu em Niterói, em frente à Praia de Icaraí, em 11-3-1955.
 
Passou a infância em Teresópolis, onde estudou no Colégio São Paulo (das Irmãs Angélicas) e no Colégio Estadual Edmundo Bittencourt. No início da adolescência retornou a Niterói. Fez seus estudos secundários no Colégio Salesiano de Santa Rosa. Formou-se em Veterinária pela Universidade Federal Fluminense – UFF (quando foi o orador de sua turma) no ano de 1981 e em Direito pelo Instituto Metodista Bennett, em 1998.
 
Trabalhou na Secretaria Estadual de Agricultura, nas áreas de Zootecnia, Epidemiologia e Informação (Bioestatística) e Educação Sanitária e também na área de Saúde Pública, onde auxiliou a implantação e executou o primeiro serviço de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro após o advento do Serviço Unificado de Saúde (SUS).Treinou várias equipes de Vigilância Sanitária oriundas de municípios do interior do Estado do Rio de Janeiro.
 
Planejou, coordenou e executou diversas campanhas de vacinação, além de trabalhos técnicos nos campos da epidemiologia e do combate às zoonoses. Aprovado no curso de mestrado da - UFF (não concluído), foi professor da Cadeira de Saúde Pública da Faculdade de Veterinária Plínio Leite. Esportista, jogou futebol de areia na adolescência e chegou a participar dos antigos torneios de Icaraí, entre eles, “A Semana de Icaraí”. Mergulhador, caçador submarino, montanhista, tenista, praticante de artes marciais. Foi titular da seleção estadual de caratê em diversos torneios entre estilos e academias, em campeonatos municipais, estaduais, regionais e nacionais. Possui diversos títulos da modalidade caratê esportivo. Exerceu, durante vários anos, a função de diretor cultural da Associação Brasil Japão de Artes Marciais, posterior Jinen Kan.
 
Praticante de judô, fez parte de uma das primeiras equipes da UFF. É pintor diletante, foi aluno de Roberto Paragó e chegou a participar de exposição do Núcleo Figurativo e Paisagístico de Niterói, criado pelo saudoso artista e professor. Apaixonado pela Literatura e pelo estudo dos idiomas, fala francês, inglês e espanhol. Seu primeiro livro foi publicado em 2002 (esboços de romances escritos desde a década de 70 e 80, transformados em contos), resultado de um concurso literário. Em 2003, publicou Da janela do trem, contos. Em 2005, Brisas, marolas e rajadas de vento Sul, livro onde mistura crônicas e contos. Em 2007, Amanhã de manhã, em frente ao cinema, em Icaraí, também contos e crônicas (a capa e contracapa deste livro foram desenhadas pelo autor).
 
Em dezembro de 2010 publicou A montanha, o mar, a cidade, livro de crônicas. Obteve primeiras colocações e menções honrosas nos poucos concursos literários de que participou. Está presente em antologias, entre as quais Os Fluminenses – Antologia contemporânea, vol.I , Ed. Nitpress (2007).
 
Além de integrar os quadros da ANL, é membro do Grupo Mônaco de Cultura, do Cenáculo Fluminense de História e Letras e da Associação Niteroiense de Escritores. Participa do movimento cultural “Escritores ao Ar Livro”, criado pelo poeta Paulo Roberto Cecchetti. É colaborador do jornal Literato.

 
 
 
 
LEIA A ENTREVISTA
 

ENTREVISTA CONCEDIDA AO BLOG
DO CLIC – (CLUBE DE LEITURA DE ICARAÍ)
 – POR NEWTON BARRA
 
CLIc – Como surgiu a paixão pelo mergulho, pela caça submarina?
Carlos Rosa – O mergulho foi uma das paixões da minha vida. Aos 8 anos ganhei uma máscara “Italianina”, comprada na Casa da Borracha. Era igualzinho à máscara do meu herói, o Mike Nelson das “Aventuras Submarinas”, sucesso no início dos sessenta, o ator era o Loyd Bridges, mergulhador de verdade e dos bons. Aos 14 anos comecei a caçar peixes, e nunca mais parei. Cheguei a dar uma parada na faculdade para ficar caçando e vendendo peixe. Faz pouco, bem pouco, parei de caçar. Mas, de vez em quando, o mar lança uns perfumes em cima de mim e sinto uma vontade quase irresistível de buscar as profundezas. Mas fiquei de coração mole, passei a ter pena dos peixes, apesar de ser uma pena meio cabotina, pois adoro degustá-los. São quase cinquenta anos de mergulho no mar.

CLIc – O que te levou a mergulhar na literatura? Ou, dito de outra forma, o que há em comum nos livros que publicou?
Carlos Rosa – Meus livros de contos foram experimentais. Experiências que fiz e tornei públicas. Há em cada um deles o impulso de escrever, a observação, a memória, a pesquisa sobre os sentimentos humanos. Os dramas, as transformações da vida, a realidade. Minhas histórias são comuns e poderiam ser dramas reais. E em tudo há o tempo, esse personagem que me fascina. Às vezes ele pode saltar aos olhos, como em “A casa dos gritos”; outras vezes ele passa oculto, mas está sempre lá. Sou fascinado pelo tempo, perpassa tudo que escrevo. O que me levou a mergulhar na Literatura? A necessidade de escrever. De passar para o papel minhas observações e meus sentimentos com o mundo a minha volta. Sou um escritor, bom ou ruim é isso que sou. E como disse Hemingway: “um escritor tem de escrever”.
 
CLIc – O que é mais misterioso ou perigoso: o fundo do mar ou a alma humana?
Carlos Rosa – A alma humana é mais misteriosa. É verdade que todo ser humano teme o mar. Acho que não fomos feitos para morrer nele. Temos um terror ancestral da fúria do mar e das criaturas ferozes que o habitam. Tudo no mar agride, queima, espeta, morde, arranha, devora, arranca pedaço. Mas são perigos palpáveis, sabemos que estão lá e que são coisas do mar. A alma humana assusta porque surpreende. Por trás de doces olhos podem habitar seres inimagináveis, mais ferozes e perigosos do que uma previsível fera marinha.
CLIc – O que há de sombrio na alma humana, na sua opinião? Para você, a literatura joga alguma luz sobre essas áreas escuras?
Carlos Rosa – O que há de sombrio na alma humana... Talvez o fato de estar sempre a um passo da barbárie. Ou a terrível capacidade de explorar as desgraças e as dores de outras almas, de torturar os semelhantes e retornar ao comum dos dias como se tudo fosse muito normal. A Literatura e todas as outras formas de arte jogam luz sobre a escuridão. Mas a sociedade em que vivemos exige e oferece certas coisas, e uma delas é o consumo. Exige consumir. Consumir faz o sujeito subir de classe. Mas essa sociedade embota o homem, tira-lhe a capacidade de ver e dá-lhe uma visão única, mesquinha e vazia. Para perceber a luz que as artes oferecem, é preciso aprender a desver, para depois aprender a ver. A classe C que está conhecendo as delícias do consumo quer ir a Paris ver a Mona Lisa, pois assim ensina a novela das oito; as classes A e B que vão a Paris, também querem ver a Mona Lisa, pois é assim que ensina a última moda e é preciso estar up to date. A ignorância da primeira e a arrogância da segunda se curam quando aprendem a desver e a ver, somente então verão a luz que as artes emitem. É preciso ser especial para perceber essa luz.
 
CLIc – Em alguns textos seus a decadência física dos personagens anda lado a lado com a frustração com os relacionamentos ou com a vida em geral. Há relação entre estas duas situações, o físico e a vida em volta?
Carlos Rosa – A decadência física é tão natural quanto a morte. É a nossa vaidade extrema que nos faz temê-la. Ninguém deveria lamentar a decadência física, apenas tratá-la. Seremos todos decadentes se nos compararmos a nós mesmos de anos anteriores. E essa comparação, apesar de corriqueira, é grande besteira. Olho o meu corpo de vinte anos atrás, quando mergulhava uma manhã inteira abaixo dos 15 metros para matar peixes e ficava seis horas nadando sem parar, praticava judô e karatê durante horas e caminhava dias seguidos pelas montanhas pendurado em cordas. Olho para mim agora e vejo um velho. E gosto do que vejo. Pois é claro que sou velho, o tempo passou e continua a passar, amanhã serei mais velho do que hoje por mais produtos que passe na cara e no corpo. Mas sou um velho vivido. Lamentável é o medo de viver, de se lançar, e depois descobrir isso quando muito tempo já tiver passado. Porém isso também tem remédio “se a alma não for pequena”. Sou consciente dessa decadência e a encaro naturalmente. Escrevo sobre isso porque acho o normal da vida. Um homem como o personagem Dirceu é a coisa mais comum. Permanece o desejo no corpo corroído pelo tempo. Permanecem desejos reprimidos, querências nunca atingidas, almas inquietas aprisionadas em corpos pacificados pelo tempo. Tudo isso é tão comum. Esses dramas humanos, realmente, me fascinam.
 
CLIc – Os personagens "perdidos" ou sombrios são mais atraentes para o escritor do que os personagens chamados "normais"?
Carlos Rosa – Certa vez, a respeito do meu conto ou noveleta “A casa dos gritos” (estará no próximo livro) um amigo, crítico e excelente escritor, disse: “Carlos, não gostei, em Literatura não existem finais felizes”. É uma opinião. Acredito que na Literatura, no cinema, o perdido, o sombrio, o louco, o enigmático, o tenso atraem mais do que os ditos normais. Cada um deles tem um mundo próprio, com consequências estranhas e inesperadas. São esses tipos que fazem o mundo andar. Só que esses tipos exprimem apenas o homem, aquilo que somos mesmo, mas gostamos de ver como personagens, pois precisamos estar a salvo de nós mesmos. E é isso que o escritor põe no papel. Escritores nunca foram considerados muito normais neste mundo onde todos querem a mesma coisa.
 
CLIc – Afinal, o que for que possa ser visto como repugnante num texto literário chega aos pés do que há de repugnante na vida?
Carlos Rosa – Talvez a vida sempre surpreenda a Literatura. Mas Literatura se constrói de vida e a devolve ao leitor, caso ele só tenha visto a vida passar. Então a Literatura será guia, memória, história, registro, além de várias outras coisas. Coisas podem ser repugnantes em ambas, vida e Literatura, pois ambas podem ser uma só coisa. Repugnante é não indignar-se e não revoltar-se com a exploração da miséria, com o desperdício de vidas. O escritor é sempre indignado e revoltado.
 
CLIc – Por último: há leitores repugnantes?
Carlos Rosa – Gosto de todos os leitores, mesmo daqueles que não gostam de mim, desde que sejam leitores contumazes e atentos e que não se deixem contaminar com qualquer comentário ou crítica, que tenham personalidade. E de leitores há muitos, inclusive repugnantes.
 

 
 
FONTE:
 

2 comentários:




  1. Alberto, muito, mas muito obrigado pela homenagem que você fez. Seu trabalho é único nessas nossas plagas, você registra de forma clara, responsável, meticulosa, um trabalho de grande valor para as nossas letras. Repito sempre, é um prazer tê-lo entre nós.

    Um forte abraço.

    Carlos.

    obs: não sei por que, mas não consegui postar lá no blog, acho que é o meu computador.


    Abraços


    Carlos Rosa





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  2. Alberto
    Foi muito bom receber essa homenagem ao Carlos Rosa, pelo seu aniversário. Obrigada, amigo!



    Abraços da Gracinda.


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